Acontece em todas as idades e mais em mulheres, mas todos temos de estar atentos a ele
Câncer de tiróide é o mais comum dos cânceres do sistema endócrino e ocorre em todas as faixas etárias, atingindo na sua maioria mulheres acima de 35 anos. Porém, pode ocorrer também em homens e mulheres entre 25 e 65 anos, sendo três vezes mais freqüente nas mulheres, bem como as outras doenças referentes à glândula tireóide.
Trata-se de um tumor maligno de crescimento localizado dentro da glândula tireóide. Não é um tipo de câncer comum, mas é tratável e tem altos índices de cura, desde que detectado em seu início. Exames periódicos fazem parte do acompanhamento de rotina pelo resto da vida e são recomendados pelo médico – mesmo quando o tratamento é bem sucedido, com a finalidade de pesquisar se houve recorrência, ou seja, reaparecimento da doença no pescoço ou em outras partes do corpo. Isso porque até 35% dos cânceres de tireóide podem voltar – e cerca de um terço dessas recorrências só surgirão com mais de 10 anos após o tratamento inicial.
A maioria dos cânceres tiroidianos manifesta-se como nódulos na tireóide, sendo que 90% dos casos encontrados na população adulta são benignos. O número de casos de câncer de tiróide diagnosticados aumentou em 10% na última década, mas o número de mortes relacionadas ao carcinoma tireoidiano diminuiu. Aproximadamente 85% dos pacientes diagnosticados e tratados em estágio inicial mantém-se vivos e ativos.
A classificação dos cânceres de tireóide (ou tipo histológico) está descrita abaixo e há necessidade da avaliação de uma amostra de células (colhidas por punção aspirativa por agulha fina ou PAAF) ou parte do tecido tireoidiano (retirado pela cirurgia) para finalizar o diagnóstico:
– Carcinoma papilifero: é o tipo mais comum, presente em 65% a 85% de todos os casos. Pode aparecer em pacientes de qualquer idade, porém predomina entre os 30 e os 50 anos. Devido à longa expectativa de vida, estima-se que uma entre mil pessoas tem ou teve esse tipo de câncer. A taxa de cura é muito alta, chegando a se aproximar de 100%.
– Carcinoma folicular: tende a ocorrer em pacientes com mais de 40 anos, compreende de 10% a 15% dos casos de câncer de tireóide. É considerado mais agressivo do que o papilifero. Em dois terços dos casos, não tem tendência à disseminação. Um tipo de carcinoma folicular mais agressivo é o Hurthle, que atinge pessoas com mais de 60 anos.
– Carcinoma medular: afeta as células parafoliculares, responsáveis pela produção da calcitonina, hormônio que contribui na regulação do nível sangüíneo de cálcio. Esse tipo de câncer costuma se apresentar nas taxas de 5% a 10% e são de moderadamente a muito agressivos, sendo difícil o seu tratamento.
– Carcinoma anaplásico: é muito raro, porém é o tipo mais agressivo e tem o tratamento mais difícil entre todos os outros, sendo responsável por dois terços dos óbitos causados por câncer da tireóide.
A agressividade do tumor, resposta ao tratamento e a disseminação das metástases dependem de vários fatores, entre eles:
– Tipo histológico: em tumores mais diferenciados, ou seja, aqueles cujas células se parecem mais às células originais da tireóide, respondem melhor ao tratamento. Nos tumores indiferenciados, ou aqueles em que as céluas tumorais perderam a arquitetura da célula original tireoidiana, são de difícil tratamento;
– Tamanho inicial: os tumores menores, na maioria das vezes, têm a menor chance de metastatizar;
– Idade do paciente vs. diagnóstico: os extremos das idades (idosos e crianças) apresentam tumores com maior potencial de risco.
A detecção e o tratamento precoces garantem o sucesso do tratamento no câncer de tireóide, além de ser necessária uma monitorização freqüente para avaliar se há risco de recorrência. É muito importante que os pacientes realizem esse acompanhamento periódico e vitalício, conversem com seus médicos a respeito das dúvidas e preocupações que possam vir a ter e tenham cuidado ao buscar informações na internet, onde muitos sites passam informações inexatas e sem procedência confiável.
Quando nos deparamos com o diagnóstico de câncer é realmente assustador. Conhecer sobre o assunto pode ajudar a superar temores. Se você ou alguém que você conhece teve diagnóstico de câncer de tireóide, saiba que as perspectivas de tratamento são excelentes. Na maioria dos casos, esses cânceres são totalmente retirados pela cirurgia (tiroidectomia) e controlados, posteriormente, por exames de sangue e de ultrassonografia solicitados pelo endocrinologista.
Links interessantes:
– Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM): o site apresenta uma seção sobre tireóide.
– The Thyroid Câncer Survivor’s Association: o site mantém listas das reuniões realizadas.
– Thyroid Foundation of America
– Compartir – Grupo de pacientes com câncer de tiróides: comunidade virtual de pacientes com câncer de tireóide na Argentina.
Dra. Glaucia, meu nome é Michele , tenho 34 anos e a duas semanas retirei a tireoide, foram encontardos dois nódulos e pelas biopsias feitas pós cirurgia constataram que existiu carcinoma papilifero moderadamente diferenciados. Estou sobre tratamento médico e bastante confortada pela equipe que me trata e agora pelas informações que obtive no teu site. Agradeço mto não só por este post como todos os outros, um trabalho sério de informação.
Abs. Michele Braun
Prezada Michele Braun,
Agradeço sua participação e desejo ótima convalescença. Sempre que possível, postaremos novidades sobre o tema.
Att.
Dra. Glaucia Duarte
oi meu nome e leila tenho 19 anos, e estou prestes a fazera cirurgia de tireoide, no meu caso e maligno, mas esta apenas comecando, gostaria de saber se envolve quimioterapia nesse tratamento? caso sim, como e?
Prezada Leila,
Obrigada pela sua participação, mas espero que compreenda que a informação médica via Internet pode complementar, mas nunca substituir a relação pessoal entre o paciente e o médico. Pelas suas limitações, não deve ser instrumento para consultas médicas, diagnóstico clínico, prescrição de medicamentos ou tratamento de doenças e problemas de saúde. A consulta pressupõe diálogo, avaliação do estado físico e mental do paciente, sendo necessário aconselhamento pessoal antes e depois de qualquer exame ou procedimento médico. Não posso, por e-mail, diagnosticar, nem opinar sobre nenhum caso. Posso sugerir algumas idéias, visão geral de relatos e seguimento da literatura médica:
–Carcinomas diferenciados de tireóide, que são os mais comuns na população a risco e o diagnóstico é realizado em estágio precoce [pode ter mais informações nos textos deste blog: “Câncer de tireóide: o que é e como lidar” e “Remédio de diabetes ajuda a tratar câncer de tireóide”] tem como tratamento a tiroidectomia [retirada cirúrgica da glândula tireóide], e, possivelmente a radiodoterapia, e NÃO a quimioterapia. Ou seja, a aplicação de iodo radioativo, através de um serviço de Medicina Nuclear. O seguimento é feito com dosagens de seriadas de TSH, T4 livre, tireoglobulina e anticorpo anti tireoglobulina no sangue, além de ultrassonografia da tireóide e reposição com levotiroxina.
–Em carcinomas muito avançados ao diagnóstico (estadio III e IV e tipos histológicos não diferenciados ou agressivos) pode-se considerar a radioterapia e quimioterapia como formas de controlar a progressão da doença. Atualmente, nestes casos raros, também vem sendo testados, em estudos, drogas inibidoras da tirosinoquinase (diminuindo a vascularização e o crescimento das metástases de tumores avançados) com resultados ainda parciais, mas promissores.
Att.
Dra. Glaucia Duarte
Olá dra, meu nome é Elayne, tenho 26 anos e diagnóstico de cancer na tiróide. Gostaria de saber se, depois do tratamento, vou poder ter filhos?
Prezada Elayne Cristina da Silva,
Após a cirurgia para retirada de toda a glândula tireóide pelo diagnóstico de câncer diferenciado de tireóide, pode haver a indicação de tratamento com iodo radioativo (radioiodoterapia). A radioiodoterapia tem conseguido desempenhar um papel significante no tratamento do carcinoma diferenciado de tireóide. A literatura é limitada em relação a possíveis efeitos secundários deste tratamento, mas as revisões da literatura, analisando vários estudos, têm demonstrado a segurança desse tipo de tratamento em mulheres na idade fértil, sendo apenas aconselhadas a evitar gravidez pelo período de, pelo menos, um ano após a administração da dose do iodo radioativo.
Existem trabalhos já considerando um período inferior – 6 meses – mas todos são unânimes em contra indicar o procedimento durante a gestação e aleitamento.
Att.
Dra Glaucia Duarte
Bom dia!
Gostaria de tirar uma dúvida. Fiz uma ultrassonagrafia e foi diagnosticado 4 nódulos. A conclusão final foi Bócio Mergulhante. O que é isso? Quais os sintomas? Qual o tratamento?
Muito obrigada.
Prezada Daniela:
Obrigada pela sua participação, mas espero que compreenda que a informação médica via Internet pode complementar, mas nunca substituir a relação pessoal entre o paciente e o médico. Pelas suas limitações, não deve ser instrumento para consultas médicas, diagnóstico clínico, prescrição de medicamentos ou tratamento de doenças e problemas de saúde. A consulta pressupõe diálogo, avaliação do estado físico e mental do paciente, sendo necessário aconselhamento pessoal antes e depois de qualquer exame ou procedimento médico. Não posso, por e-mail, diagnosticar, nem opinar sobre seu caso.
Posso sugerir idéias:
–O bócio é um aumento do volume da glândula tireóide.
–É chamado de bócio mergulhante aquele aumento da glândula que vai além da região cervical (região anterior do pescoço, que, onde, normalmente, situa-se a tireóide), e, provavelmente, pode este aumento projetar-se à intra região torácica.
–Geralmente uma tomografia computadorizada é pedida para mensurar, com mais detalhes, a extensão e volume do bócio intra-torácico, além de considerarmos os sinais e sintomas (especialmente os compressivos: dispnéia ou falta de ar, disfonia ou alteração na voz, disfagia ou dificuldade para deglutir) compatíveis com este diagnóstico, além de se considerar o perfil de cada paciente – idade, outras patologias associadas. O tratamento dependerá disso: avaliação de um especialista para dar apenas seguimento ou cirurgia.
Att.
Dra Glaucia Duarte