– Tireóide ou tiróide?
Tanto faz. As duas formas de denominar o nome da glândula estão corretas. Por isso, nas respostas e textos usados no blog, ambas serão utilizadas.
– Qual a função da tireóide no nosso corpo?
A tireóide é uma glândula localizada na parte anterior do pescoço e produz os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) que controlam o metabolismo do organismo, atuando nos processos de ganho e perda de peso, bem como na regulação da temperatura corporal. A tiroxina aumenta o metabolismo celular, relacionando-se, portanto, com o desenvolvimento, diferenciação e crescimento. Quando ela não funciona adequadamente pode levar a repercussões em todo o corpo em graus de severidade variáveis – desde sintomas que muitas vezes podem passar despercebidos até formas graves que podem trazer risco de vida.
– A que se deve os problemas dessa glândula? Quais são as consequências para o organismo?
As doenças da tiróide têm várias causas: defeitos no funcionamento e produção dos hormônios na própria glândula (incluindo a causa auto-imune, que é a mais comum), defeitos em regiões do cérebro, conhecidas como hipófise e hipotálamo, que controlam a tiróide e sinalizam a produção dos hormônios tiroidianos.
Quando a tireóide não está funcionando adequadamente pode liberar hormônios em excesso, levando ao hipertireoidismo, ou em quantidade insuficiente, o que causa o hipotireoidismo. Se a glândula está hiperfuncionante ocorre uma aceleração do metabolismo em todo organismo, podendo ocorrer agitação, diarréia, taquicardia, perda de peso etc. Ao contrário, quando a glândula está hipofuncionante pode ocorrer cansaço, fala arrastada, intestino preso, ganho de peso etc.
– O que é hipertireoidismo? Quais suas consequências?
Hipertireoidismo é a produção excessiva dos hormônios da tireóide (T3 e T4), sendo que é, aproximadamente, dez vezes mais freqënte em mulheres, afetando cerca de 2% delas no mundo inteiro. A doença de Graves, manifestação mais comum da doença, é causada por problemas do sistema imunológico, com maior prevalência em famílias que já apresentaram casos. Nos Estados Unidos, por exemplo, a doença atinge cerca de 2,5 milhões de mulheres.
Seus sintomas mais comuns envolvem: fraqueza muscular, sudorese, aumento da freqüência cardíaca, tremores, nervosismo, perda de peso, mudanças na pela, diminuição do fluxo menstrual, bócio (aumento do tamanho da tireóide) e queda de cabelos. Muitas vezes esses sintomas não ocorrem simultaneamente e as potenciais complicações são eventos cardíacos – arritmias, insuficiência cadíaca congestiva, aumento da pressão arterial – especialmente no grupo de idosos e, se diagnosticado durante a gestação, pode causar parto prematuro, abortamentos, retardo do crescimento intra-uterino, entre outros. O excesso do hormônio tiroidiano, por aumentar o metabolismo, também induz a uma troca óssea mais freqüente, o que contribuiria, se não monitorado e persistindo por determinado período (especialmente em mulheres na menopausa), para uma maior reabsorção óssea e causar osteopenia e, em seguida, osteoporose.
– Por que há casos de tireóide após o parto?
A tireoidite pós-parto (TPP) é uma doença auto-imune caracterizada pelo desenvolvimento de uma fase de hipertiroidismo seguida ou não de hipotireoidismo, ambos transitórios ou permanentes. O consenso geral é que ocorra em 5 a 9% das puérperas (mulheres que se encontram em período de pós-parto) em até 12 meses após o parto. Em um trabalho realizado no Brasil (Barca et al, 2000) registrou-se uma prevalência em torno de 13%.
É mais comum em mulheres com os anticorpos tiroidianos pré-existentes e que, durante a gravidez normal, havendo um aumento dos títulos desses auto-anticorpos terminam com um distúrbio auto-imune precipitado por alterações imunológicas do puerpério.
Usualmente a fase de hipertiroidismo da TPP regride, mas pesquisas de longa duração mostram a persistência do hipotiroidismo em 20 a 30% dos casos. A recorrência desta doença oscila entre 30% a 70%, principalmente as mulheres acometidas por episódio prévio de TPP.
– Como se identifica o câncer de tireóide?
O câncer da tireóide corresponde a 1% de todas as neoplasias malignas e sua incidência varia de acordo com o país estudado, fato que pode ser explicado por variações alimentares, principalmente quanto à ingestão de iodo.
Geralmente predomina no sexo feminino, com prevalência de quatro casos por milhão de habitantes. Outros fatores implicados no desenvolvimento deste tipo de câncer são a radiação, os fatores familiares e algumas síndromes (síndrome de Gardner, síndrome de Cowden).
A formação do câncer tiroidiano ocorre devida a certas células tiroidianas (que antes eram típicas desta glândula) se tornarem anormais e não acompanharem o ciclo de crescimento comum. Quando essas células anormais continuam a crescer de maneira descontrolada formam um tumor.
Em relação ao diagnóstico, a maioria dos pacientes apresenta nódulos, geralmente achados no auto-exame ou durante a realização do exame de ultrassom – que ainda é o melhor método para determinar o número, o tamanho e o conteúdo dos nódulos tiroidianos. Caso haja características suspeitas em um nódulo com diâmetro superior a 1 cm é solicitado o exame de punção aspirativa por agulha fina (PAAF). Este exame é, atualmente, o melhor método para o diagnóstico diferencial em portadores de nódulos tiroidianos.
– Quais são os tratamentos mais eficientes? Como funcionam, quanto demoram e quais os exames que identificam a doença?
A reposição hormonal é o tratamento de escolha do hipotiroidismo e visa repor o hormônio que a tiróide não consegue produzir. O hormônio sintético da tiróide usado no tratamento é chamado levotiroxina sódica, vendida em comprimidos que devem ser tomados diariamente, em jejum. A dose da medicação varia de pessoa para pessoa e é ajustada por meio de exames de sangue (dosando o TSH e o T4 livre). Para a grande maioria dos pacientes, o hipotireoidismo é definitivo e o tratamento deve ser contínuo, por toda a vida.
Já o tratamento do hipertiroidismo apresenta-se de três formas: medicamentos que antagonizam os efeitos ou a formação dos hormônios tiroidianos, iodo radioativo e cirurgia. A maioria dos tratamentos se inicia com medicamentos e, caso haja intolerância, alergia, efeitos colaterais graves ou mesmo insucesso, deve ser indicado o iodo radioativo ou a cirurgia. As doses variam de pessoa a pessoa, dependendo do quadro inicial e da evolução clínica do hipertiroidismo. A cirurgia geralmente está reservada nos casos em que a tiróide está muito aumentada ou há uma contra-indicação para o iodo radioativo. Após o tratamento, os pacientes podem curar, evoluir para um quadro de hipotiroidismo ou apresentar a doença novamente. O tempo de tratamento varia, dependendo da escolha do tipo de tratamento que será empregado a cada paciente. O seguimento, geralmente, é realizado por meio de dosagemm de TSH e T4 livre no sangue.
O tratamento mais comum para o câncer de tiróide é a remoção da glândula por meio de cirurgia, seguida por terapia com iodo radioativo (chamada remoção do tecido remanescente) com o objetivo de eliminar as células de tireóide que possam ter restado no corpo. Em seguida, são feitos exames periódicos de sangue que incluem as dosagens hormonais, da proteína tireoglobulina e do anticorpo anti-tireoglobulina, além da realização da ultrassonografia de tireóide e a pesquisa de corpo inteiro (PCI) com iodo radioativo, de tempos em tempos, dependendo do estado inicial do tumor.
– Carência ou excesso de nutrientes podem estar na origem dos problemas de tireóide? Por quê?
Alguns nutrientes mantêm uma relação muito próxima da formação dos hormônios tiroidianos. Entre eles destacam-se o selênio e o iodo. O iodo é necessário para a síntese dos hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) pela glândula tireóide. A falta de iodo em uma população pode levar a doenças como bócio (aumento do volume da tiróide) e, no caso das gestantes, ocasionar o nascimento de crianças com rebaixamento mental e surdez congênita. Por outro lado, o excesso de iodo pode ter como conseqüência o aumento de casos de tireoidite de Hashimoto e hipotireoidismo. O nível ideal de iodo no organismo, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é de 100 a 300 mcg/L (microgramas por litro), que é medido por um exame de urina.
Para converter o T4 em T3, o organismo requer um mineral essencial chamado selênio, encontrado em verduras, frutas, legumes e cereais. A principal fonte de selênio é a castanha-do-Pará que, em apenas uma unidade, contém 120 mcg do mineral, um pouco menos que o dobro da dose ideal de ingestão diária recomendada a um adulto (de 55 a 70 mcg).
– Existe alguma faixa etária feminina na qual o desenvolvimento da doença é mais comum? Por que os homens não têm tantos problemas ligados à doenças da tiróide?
Todas as doenças tiroidianas incidem mais em mulheres do que em homens. O pico de incidência gira em torno dos 20 aos 50 anos. Ainda não se sabe o porquê das doenças tiroidianas incidirem mais no sexo feminino. Existem trabalhos, ainda buscando se há relações entre as tiroidopatias e os estrógenos (hormônios femininos), mas sem conclusões definidas.
– Há alguma nova tecnologia para o tratamento da tireóide?
Marcadores tumorais: os pesquisadores trabalham em busca de substâncias que diferenciem as células colhidas por uma punção aspirativa em benignas ou malignas, já que há possibilidade de um diagnóstico ser indefinido. Infelizmente, são várias as combinações de marcadores testados, mas ainda nenhuma combinação que apresente 100% de eficácia. Até agora (2008), os mais promissores marcadores em reações de imuno-citoquímica são a galectina-3, HBME e citoqueratina 19.
TSH recombinante: algumas pessoas com diagnóstico de câncer de tireóide bem diferenciado podem não precisam ficar em hipotireoidismo para realizar exames de rotina, usando o TSH recombinante, que é a forma “sintética” do hormônio estimulante da tireóide humana (rhTSH), injetado antes dos exames. O TSH recombinante ativa qualquer célula da tireóide ou de câncer de tireóide que houver no corpo. Uma vez ativadas, as células produzem tireoglobulina (Tg), que vai aparecer em uma dosagem no sangue. Qualquer célula ativada também deve aparecer em uma cintilografia de corpo inteiro com iodo radioativo. Uma dessas duas alternativas pode detectar células de tireóide no corpo e essas células podem ser cancerosas, confirmando algum resto tiroidiano ou uma possível metástase.
Boa noite Drª Glaucia
Sou brasileira, mas vivo aqui em Portugal aonde comecei a fazer um tratamento para o hiper com 37 anos, pois atualmente tenho 39 anos, e agora passei para o hipo, mas passei boa parte da minha vida no Brasil sofrendo com todos, mas todos os sintomas de hiper, sem exceção!! Sofria muito e nunca descobriram o que eu tinha, enfim…fiquei fazendo tratamento com propiltiouracil aqui, até que, como os resultados não eram o que a médica desejava, resolveu me passar uma dosagem de iodo radiotivo, agora estou a ter todos os sintomas de hipo e o pior como sempre fui magra, agora estou engordando com muita rapidez! O que já foi dito pela minha médica que seria normal, até a nova medicação começar a fazer efeito. A minha pergunta é: existe alguma dieta para hipotiroidismo?
Obrigada pela sua atenção e parabéns pelo blog e as informações. 🙂
Cristina
Olá Cristina,
Agradeço muito a sua participação.
Não há uma dieta específica para quem sofre de hipotireoidismo. Você deve manter sempre um controle sobre a dosagem da reposição hormonal (levotiroxina) através de exames laboratoriais e seguir uma dieta balanceada e com poucas calorias. O hipotireoidismo, quando descompensado, pode trazer um aumento de 3/4 quilos, consequente, sobretudo, à retenção hídrica.
Att.
Dra Glaucia Duarte
Tenho Hipertiroidismo há mais de 6 anos e tomo tapazol 10mg . No final do ano passado minha tireóide voltou a taxa normal, minha médica suspendeu o medicamento, mas haveria de fazer o controle de 3 em 3 meses. Só que agora, 6 meses depois, comecei a sentir os sintomas, recomecei a tomar a medicação, antes de tomar o remedio, minha menstruação atrasou – que nunca havia ocorrido, exceto nas minhas gestações. Isto é normal ?
Margareth,
As alterações do ciclo menstrual são comuns em pacientes com hipertiroidismo, quando não compensadas. Como o seu caso já se estende por 6 anos e apresentou uma recidiva agora, nestes último 6 meses, deve consultar o médico que lhe acompanha para o seguimento seriado e os exames necessários, incluindo um controle da função tiroidiana e também uma dosagem de hormônios ligados à gestação, para a melhor decisão do tratamento, medicamentoso ou com iodo radioativo.
Att.
Dra. Glaucia Duarte
Olá, boa tarde Doutora,
Depois que tive meu filho, que hoje tem 9 anos, apareceu em mim algo que achava que fosse um caroço, proximo a garganta. Passado muito tempo com aquele “caroço”, procurei um medico que fez a punção e retirou um liquido, aí fiquei feliz, pois meu pescoço havia voltado ao seu jeito natural. Foi feito exame do liquido que foi retirado e não constou nada maligno, aí ele me disse que precisaria fazer uma cirurgia pra não ter que ficar fazendo punção, mas até hoje não tive coragem de fazer a cirurgia, por medo. E quem retira o liquido do meu pescoço agora é meu esposo. Sempre que enche, ele pega uma seringa e faz a punção, aí volto a ficar com o pescoço normal. Eu acredito que isto não me afeta, não sou gorda, nem magra. Pelos cálculos tenho o peso ideal pra minha altura. Mas queria entender o porque que este liquido sempre volta. Ficar só fazendo punção pode causar algum mal ?
Obrigado.
Olá Adriana Alves,
Infelizmente não posso, por e-mail, diagnosticar, nem opinar sobre nenhum caso. Cada indivíduo deve ser visto com cuidado e seu acompanhamento depende de uma anamnese (análise médica) detalhada, exames físicos e laboratoriais. Faz parte da ética dos profissionais da saúde, além de assegurar mais segurança e bem estar aos pacientes.
Posso compartilhar algumas idéias com você:
–Inicialmente não é só uma doença tiroidiana que causa aumento do volume da região cervical (pescoço). Alguns resquícios embrionários (remanescentes dos arcos branquiais) podem também ser vistos neste trajeto.
–Como recidiva (reaparece sempre), o esvaziamento (punção) não está sendo suficiente ou mesmo, adequado. Deve ser realizado com condições de assepsia e há toda uma técnica para isso, para que não haja risco de contaminação ou infecção e para que não ocorra nenhuma lesão de estruturas importantes do pescoço (veias, artérias, nervos).
–O ideal é você marcar nova consulta de seguimento com seu médico cirurgião de cabeça e pescoço e explicar esta situação. Necessita de um esclarecimento diagnóstico e anatômico: onde está localizado este “cisto”, se é dentro ou fora da tireóide, por exemplo. A cirurgia deve ser reconsiderada como tratamento, se houver necessidade.
Att.
Dra. Glaucia Duarte
boa noite dra.glaucia, meu nome é leidiane e tenho 21 anos, ha 4 meses fiz alguns exames foi constato que a meu T4 estava alterado, ou seja, foi dito que tenho problema de tiroide, tenho algumas duvidas entre qual o melhor tratamento e se há algum problema se eu quiser engravidar?
Leidiane,
Somente a alteração de um exame no sangue (T4, provavelmente a dosagem total e não a fração livre) não pode ser unicamente considerada para o diagnóstico de doença tiroidiana. O médico considera o exame físico, suas queixas, sinais e sintomas, além da dosagem da função tiroidiana (TSH, T4 livre, T4 e T3, por exemplo). Sugiro, avaliar juntamente com o médico que lhe assiste, todos estes aspectos que lhe escrevi, inicialmente para saber qual a tiroidopatia (hipo ou hipertiroidismo?), e depois, para as recomendações durante sua gestação.
Att.
Dra. Glaucia Duarte
Bom dia Dra Gláucia, meu nome é Elaine e tenho 44 anos. Aos 20 anos desenvolvi hipertireoidismo, perdi muito peso (20 quilos em uma semana) e tive sorte de encontrar um clínico que logo me passou para um endocrinologista. Usei propiltiouracil mais de 5 anos, quando engravidei. Fiz o acompanhamento durante toda a gestação, tomando o mesmo remédio até o 7° mês. Daí o médico falou que se as taxas não voltassem ao normal, depois do parto, eu teria que me submeter a cirurgia para retirada de parte da tireóide. Graças a Deus, tudo voltou ao normal porém, não consigo passar dos 59 quilos. Isso é normal?
Prezada Elaine,
Agradeço sua participação,
O seu hipertiroidismo foi duradouro e certamente remitiu nestes anos, e, a função de sua tiróide deve ser seguida, para avaliar o TSH, T4 livre e anticorpos anti tiróide (TRAB e anti TPO). O emagracimento pode ser uma das características clínicas do “hipermetabolismo”, imposto na condição de tireotoxicose, ou seja, quando há produção excessiva de hormônios tiroidianos. Compensado, deve-se retornar ao peso próximo ao que era. Mas, deve considerar que a variação de peso depende também de outros fatores: biótipo, genética, hábitos de vida. Sugiro conversar com o seu médico para avaliação e esclarecimento de seu caso, o que é não é possível ser feito por e-mail, já que cada indivíduo deve ser visto com cuidado e seu seguimento depende de uma anamnese detalhada e exames físico e laboratoriais.
Att.
Dra Glaucia Duarte
Estou com nódulos tireoidianos – medindo 0,3×0,3cm e 0,8×0,6cm – fui ao endo quando estava com um unico nódulo 0,7cm, e ele disse que este tamanho de nódulo não deveria me preocupar. Porém com menos de 06 meses apareceu outro, e foi a cardiologista que disse que devo fazer exame. Não me sentindo segura, procurei um medico de cabeça e de pescoço, ele me disse que esses metódos de punção já não deveriam ser utilizados e sim a indicação da cirurgia, que garantem o total resultado do tumor.
Dra. me esclareça o que devo fazer, além de tudo isso sofro de sindrome do pânico, e estou com muito medo.
Certa de sua resposta.
Agradeço
Cristina
Prezada Cristina:
Obrigada pela sua participação, mas espero que compreenda que a
informação médica via Internet pode complementar, mas nunca substituir
a relação pessoal entre o paciente e o médico. Pelas suas limitações,
não deve ser instrumento para consultas médicas, diagnóstico clínico,
prescrição de medicamentos ou tratamento de doenças e problemas de
saúde. A consulta pressupõe diálogo, avaliação do estado físico e
mental do paciente, sendo necessário aconselhamento pessoal antes e
depois de qualquer exame ou procedimento médico. Não posso, por
e-mail, diagnosticar, nem opinar sobre nenhum caso.
Posso dar algumas idéias:
–Sugiro a leitura de um post deste blog “O que realmente faz a
ultrassonografia de tireóide“, para melhores esclarecimentos.
–De acordo com os consensos publicados e menção da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, nódulos acima de 1/1,5cm
em seu maior diâmetro devem ser investigados quando presentes as
características suspeitas (no post), e, o tratamento cirúrugico é
indicado para aqueles nódulos que tem chance de serem malignos. Devo
lembrá-la que a minoria dos nódulos tiroidianos são malignos.
–Sugiro conversar melhor sobre este tema com um endocrinologista
especializado ou com experiência na área de tireóide.
Espero ter lhe ajudado,
Att.
Dra Glaucia Duarte
Dra. Glaucia Duarte,
tenho hipertireoidismo e tomo tapazol há 3 meses. Refiz os exames ontem e os resultados foram: DOSAGEM DE T3: 87 ng/dL; DOSAGEM DE TSH: 5.69 uUI/mL (Últimos resultados em uUI/mL: < 0.01[20/11/2008];);DOSAGEM DE T4 LIVRE: 0.91 ng/dL (Últimos resultados em ng/dL: 1.09[20/11/2008];). Ou seja, o meu tsh passou de <0.01 para 5.69, apesar do T4 livre ainda se manter na faixa do normal. E agora? Estou com hipotireoidismo ou essa diferença é por causa da medicação que estou tomando?
Diego,
Obrigada pela sua participação, mas espero que compreenda que a informação médica via Internet pode complementar, mas nunca substituir a relação pessoal entre o paciente e o médico. Pelas suas limitações, não deve ser instrumento para consultas médicas, diagnóstico clínico, prescrição de medicamentos ou tratamento de doenças e problemas de saúde. A consulta pressupõe diálogo, avaliação do estado físico e mental do paciente, sendo necessário aconselhamento pessoal antes e depois de qualquer exame ou procedimento médico. Não posso, por e-mail, diagnosticar, nem opinar sobre nenhum caso. Posso sugerir algumas idéias:
–Seu diagnóstico foi de hipertiroidismo subclínico, ou seja, há alteração de TSH e não há a de T4livre [que efetivamente dá os sintomas mais exarcebados]. Seria interessante saber se foi colhido também os anticorpos anti tireóide (a-TPO, a-TG e TRAB), para caracterizar se esta alteração é auto imune ou não. Além disso, a ultrassonografia de tireóide pode auxiliar na avaliação, especialmente concernente a ecogenicidade da glândula e, se houver Doppler, no padrão de distribuição da vascularização [leia mais no post “O que realmente faz a ultrassonografia de tireóide”].
–O Tapazol bloqueia a produção dos hormônios tiroidianos e, com isso, o TSH tende a aumentar, muito provavelmente isso ocorreu em seu caso. O ideal seria você conversar com o médico que lhe assiste e, diante dos resultados, reavaliar a dose, sempre seguindo também as orientações clínicas, claro.
–Estudos mostram que, nas doenças auto imunes da tireóide, não é incomum o mesmo indivíduo passar por uma fase de tireotoxicose [hiperfunção da glândula tireóide] para evoluir a hipofunção [hipotiroidismo]. Não temos descritores ou condições pré existentes que sustentem qual o caminho que cada pessoa vai desenvolver.
Mas ATENÇÃO: estamos conversando aqui, de uma forma HIPOTÉTICA, sobre evoluções de casos auto imunes/ predisposição a tiroidopatias – história familiar positiva, ou seja elementos da anamnese individual. Talvez nem seja seu caso específico. Por estas razões é muito importante o seguimento clínico.
Espero ter lhe ajudado,
Att.
Dra. Glaucia Duarte
Boa Noite!
Dra. Glaucia Duarte
Minha mãe tem 61 anos e apresenta tireóide aumentada no pescoço. Ela reclamava de cansaço, frio, nervosismo, e é magra. Quero saber que tipo de tireóide ela apresenta.
Os dois tipos de tireóide tem relação com o aumento de anticorpos? Ela fez este mês uma ultrasonografia e constou que há um nódulo no lóbulo direito de tamanho:1,8 cm. Há necessidade de fazer biópsia (punção) , uma vez que a médica não sentiu os nódulos na palpação? Os riscos de ser maligno são altos? Ultimamente, ela toma levotiroxina 75 microgramas. Este remédio é para os dois tipos de tiróide? Os anticorpos dela deram acima de 2mil. Quais são os riscos? Como fazer para esses anticorpos abaixarem? O aumento desses anticorpos não se deve ao fato de ela estar tomando a levotiroxina?
Marcelo,
Obrigada pela sua participação, mas espero que compreenda que a informação médica via Internet pode complementar, mas nunca substituir a relação pessoal entre o paciente e o médico. Pelas suas limitações, não deve ser instrumento para consultas médicas, diagnóstico clínico, prescrição de medicamentos ou tratamento de doenças e problemas de saúde. A consulta pressupõe diálogo, avaliação do estado físico e mental do paciente, sendo necessário aconselhamento pessoal antes e depois de qualquer exame ou procedimento médico. Não posso, por e-mail, diagnosticar, nem opinar sobre nenhum caso. Posso sugerir algumas idéias:
–Muito provavelmente, pelos sinais e sintomas que me descreveu sua mãe apresentou um diagnóstico de hipotiroidismo. Pelo fato de você mencionar a positividade de anticorpos, deve ter uma etiologia auto imune, então, a classificação nosológica refere-se a hipotiroidismo auto imune [ou tiroidite de Hashimoto]. Supondo, claro, que a presença de altos títulos de anticorpos sejam anti tireoperoxidase e/ ou anti tireoglobulina.
Há, nos casos de hipertiroidismo [ou doença de Graves], também a presença dos auto anticorpos [anti tireoperoxidase e/ ou anti tireoglobulina e também um conhecido como TRAB]. Tanto o hipotiroidismo, quanto o hipertiroidismo podem ter etiologia auto imune, e, como consequência, a presença dos anticorpos.
Os altos títulos de anticorpos podem ter relação com o seguimento da doença, interferência de medidas laboratoriais – se a metodologia não foi seguida em um mesmo laboratório [diferentes métodos, em diferentes laboratórios podem constar diferenças de valores]. Isto não há como ser analisado e discutido em um e-mail.
–A levotiroxina é usada nos casos de hipotiroidismo e a sua dose depende dos resultados laboratoriais de seguimento e melhora clínica da paciente.
O uso da levotiroxina não tem relação com o aumento dos níveis de auto anticorpos.
–Com relação ao nódulo, sugiro duas leituras neste blog [“O que realmente faz a ultrassonografia de tireóide” e “Câncer de tireóide: o que é e como lidar”], na tentativa de esclarecer melhor qual o possível seguimento do caso de sua mãe.
Nódulos localizados anatomicamente em regiões posteriores tiroideanas são de mais difícil palpação, e, sugiro conversar com o médico que assiste sua mãe, para determinar as indicações de uma biópsia [PAAF], orientações (se plausíveis a este caso) sobre os riscos de malignidade.
Atenciosamente,
Dra. Glaucia Duarte
Cara Doutora,
No momento, pelo diagnóstico de hipertiroidismo, estou tomando tapazol e propranolol. Mas o problema é que sinto uma fraqueza enorme, especialmente nos braços, é sintoma da doença? Obrigada,
Wilma
Prezada Wilma,
Obrigada pela sua participação, mas espero que compreenda que a informação médica via Internet pode complementar, mas nunca substituir a relação pessoal entre o paciente e o médico. Pelas suas limitações, não deve ser instrumento para consultas médicas, diagnóstico clínico, prescrição de medicamentos ou tratamento de doenças e problemas de saúde. A consulta pressupõe diálogo, avaliação do estado físico e mental do paciente, sendo necessário aconselhamento pessoal antes e depois de qualquer exame ou procedimento médico. Não posso, por e-mail, diagnosticar, nem opinar sobre nenhum caso. Posso sugerir algumas idéias:
–O próprio hipertiroidismo, pelo estado hipermetabólico, pode contribuir para cansaço e fadiga.
–Mas, devemos relembrar que há uma síndrome rara [Paralisia Periódica Hipopotassêmica Tireotóxica] que se manifesta por fraqueza sistêmica e pode relacionar-se à tireotoxicose [hipertiroidismo]. É mais associada em populações asiáticas, sendo incomum em brancos e negros. Apresenta-se por episódios súbitos e recorrentes de paralisia, geralmente afeta de forma simétrica grupos musculares dos membros inferiores. Os sintomas de fraqueza são mais comuns após exercícios físicos intensos e ingestão de grandes quantidades de carboidratos. O baixo nível de potássio medido no sangue [hipopotassemia ou hipocalemia] ocorre pela distribuição muito alterada deste íon entre as células e a estimulação adrenérgica, especialmente, os hormônios tiroidianos aumentados [no caso do hipertiroidismo] podem predispor a estas alterações no controle do metabolismo do potássio.
O tratamento do hipertiroidismo, na grande maioria das vezes, já é também a correção da Paralisia Periódica Hipocalêmica Tireotóxica. Caso perdurem as crises, o tiroidologista saberá instituir outras medicações que possam atenuar e prevenir os sintomas.
Att.,
Dra Glaucia Duarte
Boa Tarde!! Doutora, tenho 16 anos e problemas na tiroide há um ano. A minha médica diagnosticou tiroidite, e está tudo controlado, mas, gostaria de saber se fumar poderá fazer mal. Obrigada.
Prezada Sara,
Obrigada pela sua participação.
No fumo/tabaco estão presentes inúmeros fatores alérgenos, prejudiciais e estimuladores da imunidade do organismo. É, então, um estímulo para disfunção da tolerância imunológica e subsequente início da agressão autoimune.
A tiroidite, em sua grande maioria, é uma doença referida ao hipotiroidismo autoimune, ou seja, já existe a utilização um mecanismo exacerbado de produção dos auto anticorpos anti-tiróide no funcionamento tiroidiano.
No fumo há tiocianatos (presentes inclusive em alguns tipos de alimentos, como a mandioca conhecida como cassava), e, estes produtos usados continuamente, diminuem a captação adequada do iodo pela tiróide, gerando um aumento do volume tiroidiano (chamado bócio) pela alteração na produção hormonal.
Um estudo realizado na Dinamarca já mostrou que fumantes apresentam volume tiroidiano maior que não fumantes; outros concluíram que bebês de mães fumantes tinham volume da tireóide também maior que de mães não fumantes, sugerindo que a substância tiocianato é capaz de cruzar a barreira placentária.
Pesquisas já do início dos anos 90, sugeriram que fumantes desenvolveriam a possibilidade três vezes maior de serem portadores de hipertiroidismo autoimune (Doença de Graves); além de mostrar que os indivíduos hipertiroideos fumantes que apresentavam a complicação ocular desta doença, pioravam os sintomas quando tratados com iodo radioativo.
O tabagismo apresenta inúmeros malefícios, incluindo as alterações que atrapalham o funcionamento adequado da glândula tireóide, além de causar patologias cardíacas, pulmonares, surgimento de cânceres (boca, laringe, pulmão).
Att.
Dra Glaucia Duarte
Olá, estou com 34 anos e tenho um nódulo de tireoide diagnosticado como lesão folicular pela PAAF. Gostaria de saber se existe algum exame mais decisivo, pois o médico informou que este diagnóstico é impreciso e terei que refazer a ultrassonografia a cada 4 meses. Li, em algum artigo, que há um exame feito por computador e gostaria de obter escalarecimentos a esse respeito, pois se houver outro tipo de exame que tire esta dúvida, melhor! Obrigada.
Prezada Karina,
Obrigada pela sua participação, mas espero que compreenda que a informação médica via Internet pode complementar, mas nunca substituir a relação pessoal entre o paciente e o médico. Pelas suas limitações, não deve ser instrumento para consultas médicas, diagnóstico clínico, prescrição de medicamentos ou tratamento de doenças e problemas de saúde. A consulta pressupõe diálogo, avaliação do estado físico e mental do paciente, sendo necessário aconselhamento pessoal antes e depois de qualquer exame ou procedimento médico. Não posso, por e-mail, diagnosticar, nem opinar sobre nenhum caso. Posso sugerir algumas idéias:
– A PAAF com padrão folicular remete a um diagnóstico indeterminado (não se sabe se o nódulo é benigno ou maligno) e o seguimento depende de muitos fatores: tamanho/características do nódulo, aspectos citológicos da lâmina, experiência do tiroidologista. A citologia que apresenta resultados indeterminados gira em torno de 15% a 20% de todas as punções biópsias e os nódulos com citologia de lesão folicular ou indeterminada apresentam de 10% a 20% de risco de malignidade.
-Geralmente, há profissionais que recomendam seguimento clínico ultrassonográfico a cada 6 meses e, se houver aumento do nódulo [cerca de 20% ou mais do volume inicial], segue-se com nova PAAF. Outra conduta de seguimento é a retirada cirúrgica da glândula, com a justificativa de, somente ser possível distinguir a natureza do nódulo na análise anátomo-patológica.
-A técnica de que você mencionou, muito provavelmente, é a elastografia. É, na verdade, um software que, acoplado ao aparelho de ultrassom, faz uma suave vibração e pode dar uma imagem colorida – através de uma pressão aplicada pelo examinador no pescoço – de um nódulo a ser estudado. Sabemos que nódulos mais “duros” (aqueles que deformam menos pela pressão aplicada) são vistos com a cor azul e associados ao padrão mais “suspeito” para malignidade. Nódulos mais “moles” (menor rigidez, maior deformação) tendem a aparecer como vermelhos e correspondem a um padrão mais benigno, já os intermediários colorem-se em verde. Ainda necessitamos de muito mais estudos e parece ser uma técnica promissora, mas ainda não está sistematizada e disponível no Brasil.
Att.
Dra Glaucia Duarte