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A ingesta de zinco está ligada a uma discreta redução no risco de diabetes tipo 2 em mulheres, mostra pesquisa.

 

Sais minerais funcionam como “co-fatores” do metabolismo no organismo. E, sem eles, as reações metabólicas ficariam desordenadas e não seriam efetivas. Diversos aspectos do metabolismo celular são zinco-dependentes, incluindo muitas enzimas envolvidas em realizar reações químicas vitais. Tem como funções: o auxilio ao sistema imunológico na defesa do organismo, ajuda na cicatrização, melhora o paladar, faz parte do desenvolvimento fetal da criança, é antioxidante (combate os radicais livres), está envolvido na expressão dos genes, faz parte da síntese de DNA, participa da estrutura das proteínas e mantém as membranas celulares íntegras. Além dessas funções, o zinco atua na síntese de hormônios e na transmissão do impulso nervoso.
A falta do zinco reduz a memória e concentração, causa hiperatividade e irritabilidade, alterações de pele (eczemas, pele seca, acne), alterações de cabelo (quedas, cabelos quebradiços e secos, calvície precoce), alterações nas unhas (quebradiças, com manchas esbranquiçadas), diminuição do olfato e inapetência. Em sua deficiência mais séria, os danos apresentam-se ainda de forma mais grave: crescimento e maturação sexual retardada, impotência, alopécia, glossite (inflamação da língua), distrofia de unhas, deficiências imunes, distúrbios do comportamento, paladar prejudicado, deficiência importante do tempo de cicatrização, alteração de apetite e ingestão alimentar e lesões oculares (fotofobia e a falta de adaptação à escuridão).
O excesso de zinco está ligado ao desenvolvimento de anemia, letargia, febre e distúrbios do sistema nervoso central, especialmente em pacientes hemodialisados. Outros sintomas ligados à toxicidade compreendem náuseas, vômitos e alterações gastro-intestinais.
O zinco é abundantemente distribuído e suas principais fontes são: carnes (sendo que as vermelhas tem maior quantidade), cereais integrais, oleaginosas (castanha do pará, castanha do caju, nozes, amendôas), sementes, leguminosas (feijão, grão de bico, ervilha).

Cerca de 2 a 3g desse mineral são encontradas no organismo de um adulto, com as maiores concentrações no fígado, pâncreas, rins, ossos e músculos voluntários. Outros tecidos com altas concentrações são partes dos olhos, glândula prostática, espermatozóides, pele, cabelos e unhas. No sangue, ele está ligado às proteínas e aos aminoácidos.
As necessidades em zinco são estimadas pela maioria dos países em 15 mg por dia. O organismo aproveita somente 5 a 10% do zinco obtido na alimentação. O estudo de sua biodisponibilidade é importante, pois há certas substâncias da dieta que modificam sua absorção. São elas: os fitatos – entre os quais algumas fibras – inibem a absorção do zinco; o álcool; os taninos; certos antibióticos (tetraciclinas e quinolonas) e os anticonceptivos orais (avaliar quando uma mulher resolve engravidar, após vários anos de uso de anticoncepcionais) responsáveis por “quelar” o nutriente zinco, diminuindo sua ação efetiva no organismo.

Alguns trabalhos demonstraram que a suplementação de zinco exerce uma influência sobre a regulação da glicemia (taxas de açúcar no sangue) e também sobre a secreção da insulina (hormônio do pâncreas). Estudo brasileiro realizado por Marreiro e cols. (2002) mostrou que um grupo de 56 mulheres obesas que suplementaram sua dieta com zinco (30mg/dia) por 4 semanas, aumentou sua sensibilidade à insulina, definindo um papel terapêutico ao mineral. A partir daí, outras pesquisas repetiram este achado.

Num trabalho de maior casuística, a maior ingestão de zinco associou-se com a discreta diminuição de risco de desenvolver diabetes do tipo 2 em mulheres, de acordo com resultados publicados pelo Dr.Qi Sun e sua equipe, da Harvard School of Public Health (Diabetes Care, 2009; 32:629-34). Estas evidências já foram comprovadas em estudos animais e de pequeno número de casos em humanos, mostrando os efeitos protetores da ingestão de zinco contra diabetes do tipo 2, mas não havia sido conduzida nenhuma grande análise prospectiva para examinar se esta associação também seria válida ao longo de anos em humanos.

O objetivo deste trabalho foi determinar a interação entre a ingestão do zinco e risco para diabetes do tipo 2 nas mulheres americanas, através de um questionário de frequência alimentar, medindo a ingestão dietética de zinco e outros nutrientes. Participaram 82.297 mulheres, com idade entre 33 a 60 anos, em seguimento de 1980 ao ano de 2004. Foram registrados 6030 casos de diabetes nestas mulheres no seguimento de 24 anos.  As mulheres que mostraram grande ingestão de zinco, comparativamente àquelas com mais baixa ingestão, desenvolveram um risco relativo discretamente menor na incidência de diabetes, mas que foi estatisticamente significativo nesta população estudada.

 Mais estudos são necessários para confirmar esta associação, explorar quais os potenciais mecanismos envolvidos, incentivar pesquisas para examinar as associações contendo zinco das várias fontes alimentícias separadamente e nos complementos vitamínicos, para que haja a melhor indicação de sua adequada suplementação e busca de estratégias de pesquisas para melhorar sua biodisponibilidade.

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