Problema distancia médicos de seus pacientes
É cada vez mais clara a barreira entre os profissionais da área da saúde e seus pacientes. Isso tem sido motivo de estudos na área de psicologia do estresse, que nomeou esta “evitação” intensa de burnout. Definição ligada aos comportamentos e sentimentos de uma pessoa que, ao longo do tempo, é exposta a situações de estresse emocional, não consegue lidar com o sofrimento alheio e não se desvencilha dele de forma adequada e positiva. A conseqüência disso é a distância entre o profissional da saúde (que se protege, para evitar seu próprio sofrimento) e seu paciente (que sente esse profissional cada vez mais indiferente ao seu sofrimento).
A instalação do burnout é progressiva, passa por fases e, muitas vezes, só é percebida quando já está bem manifesto. Inicialmente, há uma exaustão emocional, a pessoa sente-se sem energia, indisposta e indisponível para se sensibilizar com o problema do outro. A distância progride e evolui para uma “despersonalização” do paciente, que passa a ser o “objeto” a ser tratado, gerando um relacionamento de insensibilidade, baixa tolerância, resultando em procedimentos e atendimentos muito objetivos e rápidos. Por fim, o profissional sente-se cada vez mais desmotivado e com baixa auto-estima, culpando um trabalho que não lhe traz realizações – o que fica evidente quando se recebe reclamações de um paciente insatisfeito com o relacionamento entre ele e o profissional que lhe assiste.
Muito pouco se sabe e, ainda menos se divulga, sobre esse tipo de estresse – que pode ser tão comum em nosso meio. Desta forma, o que parece uma simples irritabilidade freqüente no trabalho, passa despercebido por todos nós.
O reconhecimento e o tratamento do burnout, segundo estudos e textos publicados pela fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress, Dra. Marilda Emmanuel Novaes Lipp, reata um vínculo saudável entre o profissional da saúde e o paciente, baseado em um atendimento mais humano e afetivo. Resultado? Saúde para todos!
Como psicóloga, filha de mãe portadora de Mal de Alzheimer (falecida) e diretora do site espacoarnaldoquintella, quero parabenizá-los pelo excelente artigo. Sou observadora da aliança médico-paciente,que é muito ruim. Realmente o médico, apenas médico, passa mil exames, não dá atenção ao paciente e sua família. A humanidade foi esquecida, mas, nós também nos esquecemos que ele é um ser humano com problemas iguaizinhos aos nossos. Acho, porém, que os médicos deveriam ter sempre um olhar interior, pois, muitas vezes, precisam de socorro mas não reconhecem.
Norma Quintella
Prezada Norma Quintella,
Obrigada pela sua participação. Certamente, há uma parte de profissionais da área da saúde que necessitam auxílio, e, há também muitos de nós preocupados com a humanização na área da saúde. À medida do possível, devemos ser facilitadores e propagadores desta ação. Muito trabalho, mas a recompensa é garantida! Boa sorte a todos nós!
Att.
Dra Glaucia Duarte